quinta-feira, 27 de outubro de 2011

El Satánico - 1968


Deliciosa e agradável surpresa esse obscuro filme mexicano dirigido por José Diaz Morales, que tem no currículo 91 filmes( Chegou a realizar 4 no mesmo ano) Trata-se de um thriller com acentuado erotismo, toques de humor negro que beiram o surreal. Para começar deve ser um dos únicos filmes que tem como personagem principal um anão, no caso Rafael Muñoz , mais conhecido como Santanón. E sua parceira é a calipígica Libertad Leblanc, de carnes abundantes ( mas seus seios eram ” montados”), rival de Isabel Sarli, nas mãos e corações dos punheteiros de toda a América. Um casal bizarro, sem dúvida. A loura atuou em mais de 30 produções ao longo da carreira, sempre com muitas cenas de nudez, audaciosas para os padrões da época. Sua maneira de interpretar não difere muito, a bem da verdade, dos modos de Isabel Sarli. O repertório de ambas era o mesmo: muitos beicinhos, olhos revirados, fala macia. Mas ao contrário de Sarli, que quase sempre fazia papéis de mulheres caídas, mas de bom coração, Libertad protagonizava papéis de mulheres agressivas sexualmente, amorais e cínicas. Em “El Satanico”, ela é, por exemplo, Norma, uma prostituta que trabalha em um bordel de luxo, de onde é resgatada - digamos assim - por Tony, o anão copeiro que com o auxilio de mais dois pilantras,aproveita-se da sua baixa estatura e passaria a cometer diversos golpes que permaneciam impunes, deixando a polícia sem nenhuma pista. A trama adquire contornos quase surreais quando o anão se apaixona por uma mocinha que havia perdido a visão, mas que tinha uma pequena esperança de cura, claro que dependendo de muito dinheiro para a operação. O anão passa a conviver com a moça, que não suspeita da sua estatura e nem de seu caráter, e num rasgo de bom coração financia a operação que vai lhe devolver a visão. Obviamente uma situação inspirada em “Luzes da Cidade” de Charles Chaplin. Mas, ao contrário do vagabundo, o anão após o sucesso da operação trata de desaparecer das vistas da mocinha. Norma, enquanto isso não tem muito que fazer e trata de meter uns chifres no amante baixinho, com os próprios comparsas de crimes. Infelizmente ela é flagrada num dos seus momentos de luxúria, e como era esperado, o enganado mata o amante.


O filme foi realizado em Porto Rico, sendo inclusive um dos protagonistas, natural do país, o ator Miguel Angel Alvaréz, no papel de um dos comparsas do anão e seu melhor amigo. Detalhe que dá tempero especial e spicy á essa trama maluca é a ótima trilha sonora, com sucessos latinos como “Cuando Calienta el Sol” e números instrumentais oscilando entre jazz latino e rock. Bom demais.


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