quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Slogan - 1969


Um filme difícil de desconfigurar da realidade: aqui nestes fotogramas ela nunca foi tão entranhada com a ficção. E dai julgá-lo bom ou ruim é tarefa desnecessária, se você – como eu – é admirador de Serge Gainsbourg e Jane Birkin. Conta a história que após o sucesso da sua participação em “Blow Up” de Antonioni, a jovem atriz inglesa Jane Birkin foi convidada a fazer testes em Paris para o filme aqui em questão. Ela não falava quase nada de francês, mas mesmo assim ganhou o papel. Ela vinha do fim de casamento com o compositor John Berry, dos filmes de 007; ele havia levado um fora de Brigitte Bardot. Quase 20 anos separavam um do outro: ele já um tio de 40 anos, ela uma garota de 22 anos. No entanto durante as filmagens começaram a namorar, e como a atriz lembrou numa entrevista em Veneza, finalmente, consumaram o amor, que se estenderia até a separação em 1980, depois de 13 anos juntos. Realidade. Trama do filme: Serge Gainsbourg é Serge Fabergé, diretor de filmes publicitários, casado, mas rodeado de amantes. E em Veneza, onde estava para uma premiação, conhece a jovem Evelyne (Birkin), uma inglesa sexy e meio maluca. Abandona a esposa e a filha recém-nascida e vai viver com a moça. Mas a partir daí ficção e realidade tomam caminhos divergentes: os problemas envolvendo o publicitário e a jovem acabam por separá-los. Serge passa todo o filme fumando e com cara de bebum, mas é evidente que está babando por Birkin. O tom é de comédia tipicamente sixtie com toques surrealistas em alguns momentos – com um estalar de dedos Serge pode, por exemplo, fazer desaparecer quem o irrita -, mais inglesa que francesa. Tem também piadas aqui e ali com a diferença de idade entre os dois.

Coube a Pierre Grimblat dirigir esta curiosidade midiática e cinematográfica: uma carreira curta no cinema, dedicando-se mais à TV e tendo realizado em 1994 um vídeo documentário sobre o cantor. Lembrando ainda que, no mesmo ano de 1969, o casal protagonizaria “Le Chemin de Katmandou” de Andre Cayatte – filme que não conheço ainda, mas estou aqui aguardando a passos de mula -, e gravariam uma das canções mais escandalosas e censuradas de todos os tempos, que nem preciso dizer o nome aqui, suponho. Se o filme não é uma obra-prima, traz, além do casal atuando , a trilha (a cargo de Gainsbourg ) e uma breve cena de nudez da maravilhosa Birkin. Ou seja: imperdível.

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