sábado, 7 de abril de 2012

Las mariposas disecadas- 1978

Um aviso: estou longe de ser ou pretender posar de especialista em cinema mexicano B, sou apenas um apreciador. O fato é que o blog tem sido uma jornada por filmes que tenho descoberto recentemente, e desconhecidos para mim até então .É o caso desse, pinçado de um ótimo blog de filmes de terror mexicano, que eventualmente fuço. Só havia me interessado por ele pelo nome da grande Silvia Pinal encabeçando o elenco. Imaginava um daqueles filmes de terror no estilo gótico mexicano dos anos 50 e 60, maravilhosos, mas algumas vezes cansativos. Como já disse não sou um especialista: suponho que nos anos 70 os cineastas mexicanos que se dedicaram ao gênero fantástico e de terror tenham mudado o enfoque e modernizado as tramas. A julgar pelos filmes de Carlos Enrique Taboada, do qual já comentei um filme “Más negro que la noche” ou de Juan Carlos Moctezuma, dos sensacionais “Alucarda” e House of Madness”, fortemente influenciados pelo surrealismo de Buñuel e os filmes de Jodorowsky, é o que posso deduzir . E o filme que relembro perambula entre um terror mais psicológico e de nuances, e o surrealismo herdado da obra de Buñuel . Não tão delirante e histérico quanto o citado “Alucarda , - que foi lançado no mesmo ano de 1978. Mas igualmente perturbador e original.O diretor Sérgio Véjar é dono de uma filmografia extensa no cinema mexicano: 53 filmes. Não conheço nenhum dos seus outros filmes. Além de dirigir foi cameraman , inclusive de alguns filmes de Buñuel da fase mexicana.
Silvia é uma escritora de meia-idade que vive solitária em uma mansão. Para lhe fazer companhia apenas um pássaro e a criada. Ao conhecer um garotinho de uns 10 anos toma por ele uma fixação pervertida e claramente pedófila. Em uma cena assustadora para os padrões de agora ela beija o garotinho na boca. Imaginação e realidade vão se confundindo à medida que a narrativa progride, com as lembranças de uma antiga relação que manteve com um rapaz bem mais jovem. Para não perdê-lo matou-o e o mumificou como uma estátua, com resultados atrozes: a dissecação mal feita obrigou-a a enterrar o corpo do amado no jardim. A aparição do garotinho não só lhe traz à memória o antigo amor, mas a decisão de caprichar no “trabalho” grotesco que tem em mente. Citei a influência de Buñuel e isso fica claro, por exemplo, na cena do garotinho brincando com formigas: o diretor de “Viridiana” era tarado por insetos. Mas há muito mais: histeria, pedofilia, humor negro, sensualidade, religião. Em um final demente, e digno de um Maldoror ensandecido, vemos a solteirona histérica se masturbando diante da estátua dourada do garotinho, que ela envenenara e mumificara, e depois pusera em um altar diante do seu leito. Mais perverso impossível. Uma retomada do mito de Pigmalião, só que às avessas? Suponho que o conteúdo francamente pedófilo tenha deixado o filme um pouco à margem, e duvido que fosse possível a sua realização na atualidade. Os tempos mudaram: vivemos uma época saudável, asseada, asséptica e anódina. Para os curiosos e tarados o filme pode ser encontrado no site Terror Mexicano. Vale uma conferida. Link do site: http://humorblancomexicano.blogspot.com.br/2012/02/las-mariposas-disecadas-1978.html

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